oi, tudo bom? espero que sim!
pra neura de hoje, temos poucas piadocas e muito drama, ao contrário dos posts anteriores pois esta que vos fala está passando por intensos períodos de instabilidade emocional. e vocês, como meus fiéis amigos (sim, somos todos besties), estarão embarcando nessa comigo – não iremos negociar, sorry
apertem os cintos, peguem um chá e venham comigo!
na minha família eu atuo em dois papéis importantes e contraditórios: eu sou a filha que não deu trabalho, mas tambėm sou a caçula apocalíptica. aquela que vem totalmente oposta à irmã mais velha.
bem, não é bom tom esperar filhas iguais colocando um espaço de 15 anos entre o nascimento de cada uma, nem a nossa geração é a mesma, então ainda não sei se sou apocalíptica ou apenas uma genz no meio dessa galera velha.
ao mesmo tempo, não dei trabalho de verdade para os meus pais. introvertida que sou, sempre fui tranquila na escola, nunca namorei, tive senso de responsabilidade desde sempre e quando possível procurava resolver as coisas por conta própria - meus pais já tinham muito com o que se preocupar. com isso, criei um hábbito de planejar minha vida e fazer minhas escolhas desde cedo - escolhas coerentes e que nunca desagradaram a minha família justamente por isso. outro fato, é que essas escolhas sempre afetaram somente a mim, então não havia nem motivo discordarem de algo.
por exemplo, eu quem decidi começar a trabalhar aos 16, a fazer o ensino médio a noite, em não começar a faculdade imediatamente depois da escola, minha posterior escolha de curso, viagens, shows, minha bariátrica – questões que nunca interferiram diretamente na vida de quem era próxima a mim.
e agora encontramos o xis da minha questão: fiz uma escolha que, pela primeira vez, afeta todos à minha volta!
e tô surtando com isso.
vejam bem: esse é meu último mês no brasil, mais especificamente, vou embora no da 29.
claro que minha familia não ficou imune a essa escolha específica, e venho sofrendo mais ou menos por uns 3 meses por isso e me culpando bastante também: por minha escolha, minha mãe agora vai morar sozinha; por minha escolha, meu sobrinho do nada não vai ter a titia perto; por minha escolha, minha vó nao vai ver a neta caçula quase todo dia; por minha escolha, meu trio de besties agora vai dar roles apenas em duas. é impossivel não ver o copo meio vazio: to fazendo as pessoas que eu amo sofrerem e parece que to fazendo tudo deliberadamente.
e pensando racionalmente, ou com o copo meio cheio, eu sei que eu to indo atrás de um sonho, um objetivo antigo, que os próximos anos vão me fazer crescer e evoluir muito, além de me proporcionar experiências que eu nao teria chance de viver aqui, na minha realidade atual. mas, toda vez que vou sentir esse calorzinho no peito porque, finalmente, tô realizando um sonho, logo vem essa avalanche de culpa e tristeza, soterrando todo o lado bom da coisa.
uns dias atrás, logo quando saiu meu visto, eu perguntei pra duas amigas que ja foram se era normal se sentir infeliz agora que deu certo. a Mari me disse sábias palavras:
amiga, antes de ficar bom, tudo piora.
e a diva tem razão (pelo menos eu espero que sim)
a questão, eu acho, é que eu não aprendi a lidar com sentimentos ruins alheios em relação à mim, sendo a people pleaser que sou, sinto que decepcionei geral. e eu sei bem que é normal, a vida tem dessas e nem Jesus agradou todo mundo. mas eu queria
o que me levara refletir se todas as minhas escolhas anteriores não foram apenas sobre o que eu queria, porém, com um manejo da situação que me deixasse confortável, mas que também agradasse quem me cerca. é meio que meu instinto fazer de tudo pra que tudo esteja bom para os outros. se for pra ser honesta comigo mesma, essa até é uma das razões de estar indo pra longe: viver individualmente, afetar somente a mim. não pensar muito.
só que na prática é infinitamente mais difícil que pensei ser.
no fim das contas, finjo empolgação pra família e plenitude enquanto internamente pondero sobre desistir, estou descobrindo que pra confiar no processo, você tem que, de fato, viver o processo. lamentável.
espero que a Mari não tenha mentido de que as coisas eventualmente fiquem boas, porque se piorar mais vocês vão ver só.
sim! você acabou de ler os sentimentos que eu deveria desabafar na terapia. mas eu não faço terapia (chocante, né?)
não vou mentir e dizer que acabamos por aqui: para evitar que ou acabe com a cabeça raspada tal qual a Britney ou saia gritando na rua, teremos mais textos recheados de melancolia até eu me encontrar em solos estrangeiros e achar do que reclamar.
se você chegou até aqui, fique com meu sincero agradecimento e te vejo na próxima!
vamos parar de nos sabotaaaaar 😭😭🙏🙏
Amiga pare imediatamente de se sabotar! Isso é uma ordem!
Você é muito corajosa por estar fazendo algo assim, saindo da sua zona de conforto e se aventurando em novos lugares com novas pessoas. Você tem um mar de possibilidades e isso é maravilhoso! É claro que deve ser assustador pensar em tudo que vai deixar para trás e as todas as pessoas que você ama, porém elas sempre estarão aqui pra você.